Tiradentes, o "Mártir da Independência"
Joaquim José da Silva Xavier, ou simplesmente Tiradentes, o "Mártir da Independência" do Brasil, nasceu no 12 de novembro de 1748, na Fazenda do Pombal, próxima ao arraial de Santa Rita do Rio Abaixo, entre a Vila de São José, hoje Tiradentes, e São João del-Rei. Filho do português Domingos da Silva Santos, proprietário rural, e da brasileira Antônia da Encarnação Xavier, o quarto dos sete irmãos, ficou órfão aos 11 anos, não fez estudos regulares e ficou sob a tutela de um padrinho, que era cirurgião.
Trabalhou como mascate e minerador e tornou-se sócio de uma botica de assistência à pobreza na ponte do Rosário,
Nesse período, começou a criticar a espoliação do Brasil pela metrópole, que ficava evidente quando se confrontava o volume de riquezas tomadas pelos portugueses e a pobreza em que o povo permanecia. Insatisfeito por não conseguir promoção na carreira militar, alcançando apenas o posto de alferes, pediu licença da cavalaria (1787). Morou por volta de um ano na capital, período em que desenvolveu projetos de vulto como a canalização dos rios Andaraí e Maracanã para melhoria do abastecimento de água do Rio de Janeiro, porém não obteve deferimento dos seus pedidos para execução das obras. Seus projetos foram rejeitados pelo vice-rei, sendo mais tarde construídos por D. João VI.
Esse desprezo fez com que aumentasse seu desejo de liberdade para a colônia. De volta a Minas Gerais, começou a pregar,
O sentimento de revolta atingiu o máximo com a decretação da derrama, uma cobrança forçada de 538 arrobas de ouro em impostos atrasados (desde 1762), a ser executada pelo novo governador de Minas Gerais, Luís Antônio Furtado de Mendonça, visconde de Barbacena. O movimento se iniciaria na noite da insurreição: os líderes da inconfidência sairiam às ruas de Vila Rica dando vivas à república, com o que ganhariam a imediata adesão da população. Porém, antes que a conspiração se transformasse em revolução, foi delatada pelos portugueses Basílio de Brito Malheiro do Lago, Joaquim Silvério dos Reis e o açoriano Inácio Correia de Pamplona, em troca do perdão de suas dívidas com a Fazenda Real.
E assim, o visconde de Barbacena suspendeu a derrama e ordenou a prisão dos conjurados (1789). Avisado o inconfidente escondeu-se na casa de um amigo no Rio de Janeiro, porém foi descoberto por Joaquim Silvério que sabia de seu paradeiro, já que o acompanhara em sua fuga a mando de Barbacena. Preso, assumiu toda a culpa pela conjuração e após um processo que durou três anos, foi o único que não mereceu clemência da rainha dona Maria I, pois condenado à morte junto com dez de seus companheiros, estes tiveram a pena comutada por favor real.
Numa manhã de sábado, 21 de abril de 1792, o condenado percorreu em procissão as ruas engalanadas do centro da cidade do Rio de Janeiro, no trajeto entre a cadeia pública e o largo da Lampadosa, atual praça Tiradentes, onde fora armado o patíbulo. Executado, esquartejado e salgado; sua cabeça foi colocada dentro de uma gaiola, levada para Ouro Preto e exposta em um poste; suas pernas cravadas em postes na Estrada das minas; e os braços levados para Barbacena. Com seu sangue lavrou-se a certidão de que estava cumprida a sentença, e foi declarada infame sua memória. Essa conspiração ficou sendo conhecida como Inconfidência Mineira.
Inconfidência Mineira
A Inconfidência Mineira foi uma conspiração que ocorreu em 1789
• Os excessos cometidos pelas autoridades escolhidas pelo governo português para administrar a região das minas.
• A decadência da produção de ouro, que se acentuou a partir dos meados do século XVIII, e o sistema de cobrança dos quintos devido à Coroa. Quando o ouro entregue não perfazia 100 arrobas (cerca de 1500 quilos), era decretada a derrama, ou seja, o que faltasse seria cobrado de toda a população, pela força das armas. Os excessos cometidos pelas autoridades por ocasião da derrama levaram o povo ao desespero.
•As idéias de liberdade trazidas por estudantes brasileiros que tinham realizado cursos superiores na Europa.
• O conhecimento da independência dos Estados Unidos, cujos colonos, revoltados também contra o sistema fiscal de sua metrópole, tinham se libertado da Inglaterra.
Entre os inconfidentes, destacaram-se os padres Carlos Correia de Toledo e Melo, José de Oliveira Rolim e Manuel Rodrigues da Costa; o tenente-coronel Francisco de Paula Freire de Andrade, os coronéis Domingos de Abreu e Joaquim Silvério dos Reis (um dos delatores do movimento); os poetas Cláudio Manuel da Costa, Inácio José de Alvarenga Peixoto e Tomás Antônio Gonzaga.
Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, era provavelmente o participante da conspiração de menor posição social (era alferes e dentista prático). No entanto, foi o único a assumir a responsabilidade pelo movimento. Negando a princípio sua participação, Tiradentes assumiu posteriormente toda a responsabilidade pela Inconfidência, inocentando seus companheiros.
Os planos dos inconfidentes eram:
•estabelecer um governo independente de Portugal;
• criar uma universidade
•criar indústrias
• fazer de São João del-Rei a nova sede da capitania.
Os conspiradores haviam planejado adotar uma bandeira, que conteria a frase latina Libertas quae sera tamen (Liberdade ainda que tardia) e que inspirou a bandeira do Estado de Minas Gerais.
A revolta deveria iniciar-se no dia a derrama, que o governo programava para 1788 e acabou suspendendo quando soube da conjuração.
Os Inconfidentes pensaram ainda em conseguir auxílio estrangeiro para garantir o sucesso do levante. Em 1786, o estudante José Joaquim da Maia teve um encontro na França com o ministro americano Thomas Jefferson, com essa finalidade. O estudante não chegou a retornar ao Brasil, falecendo na Europa.
Os planos dos inconfidentes foram frustrados porque três participantes da conspiração procuraram o governador, Visconde de Barbacena, para delatar o movimento. Foram eles: o coronel Joaquim Silvério dos Reis, o tenente-coronel Basílio de Brito Malheiro do Lago e o mestre-de-campo Inácio Correia Pamplota.
Tão logo ficou ciente da revolta que estava para eclodir, o Visconde de Barbacena suspendeu a derrama e expediu ordens de prisão contra os inconfidentes. Tiradentes, que viajara para o Rio de Janeiro com o objetivo de adquirir armas, foi preso naquela cidade.
O Processo contra os inconfidentes arrastou-se durante dois anos. A sentença inicial condenou à morte vários destes e ao degredo outros. Posteriormente, a Rainha Dona Maria I comutou todas as sentenças de morte, modificando-as para degredo, com exceção da sentença de Tiradentes.