Os esportes em Messejana

Por Francisco Parente Brandão

 

Acompanhei em parte a evolução e crescimento do esporte em geral praticado em Messejana, Fortaleza, Ceará. Ao longo do tempo, além do futebol foram agregadas outras modalidades esportivas que sempre despertaram interesse em fazer acontecer com participação dos moradores locais.

 

No início tínhamos o Messejana Futebol Clube que tinha seus jogos aos domingos num campo improvisado sem cercas delimitando, um gramado parte com a grama sem conservação adequada onde encontrávamos carrapichos e partes em areia frouxa e durante as partidas um dos responsáveis pela sobrevivência e pelos gastos passava um chapéu aos que assistiam na beira do campo e era assim que se mantinha o glorioso time Messejana. Com o passar do tempo foi improvisado um cercado com palhas de Coqueiros o que deu oportunidade de controlar os torcedores através de uma bilheteria, mas não faltava quem burlasse a vigilância e entrasse furando a fraca cerca. Durante o tempo do Prefeito General Murilo Borges foi construído o que passou a ser denominado Estádio General Murilo Borges (chamado popularmente de Murilão), com uma estrutura de muros de alvenaria e uma arquibancada com cabines de Rádio.

 

O Murilão foi palco de contendas de partidas não só com os times próximos, mas, com os da primeira divisão sediados na capital, Fortaleza. O esquema de posicionamento dos jogadores em campo obedecia a uma disposição semelhante entre as equipes que sempre se apresentava com o goleiro, dois na defesa, três no meio de campo e cinco atacantes. Houve tempo em que o ataque era formado por quatro irmãos da família Oriá: ponta direita, Edilson, meia-direita, Hélio, centroavante, Edmilson e ponta esquerda o Carrinho como era conhecido devido a sua desenvoltura e velocidade conduzindo uma bola. Durante anos foi o Messejana o  único e principal representante local.

 

Aconteceu um fato que revolucionou o futebol na Messejana, os membros da família Serpa, amantes do futebol, construíram um estádio de futebol com um gramado já mais profissional e para a inauguração realizou um torneio e convidaram os times próximos para apresentação do Volante Futebol Clube criado por eles. Não sei por qual razão o Messejana recusou o convite e aí um grupo dissidente resolveu criar o clube Salgado da Gama que compareceu e foi campeão do referido torneio e daí nasceu o slogan: “O time que já nasceu campeão”. A partir dessa data a rivalidade entre as equipes locais se acirrou, porém sempre houve respeito e aceitação do resultado entre os mesmos. Era bastante comum a curtição mais que no final tudo se dissipava e a paz voltava a reinar na espera do próximo confronto. Vez em quanto surgiam trocas de jogadores entre as equipes por simpatia ou convite de algum diretor interessado num determinado jogador. 

 

Hoje em dia o campo do Salgado da Gama está sendo usado como antigamente, atendendo ao esporte suburbano como sempre e o do Messejana foi transformado num complexo  esportivo-cultural,  administrado pelo governo municipal ,  espero que o que no passado foi centro de compartilhamento e convivência social de várias gerações se mantenha aprimorando-se continuamente.

 

Como parte da evolução de demais modalidades esportiva foi importante a participação das escolas como um todo tendo como liderança o Ginásio Presidente Vargas que passou a organizar torneios e olimpíadas escolares surgindo, portanto, disputas não só de futebol, mas, também de futebol de salão, natação, corrida de rua, voleibol, cabo de guerra, salto em altura e a distância, lançamento de peso e ciclismo e a participação feminina era bem valorizada. O encerramento para entrega das medalhas e troféus era feito em geral no Campo do Messejana e se encerrava com a escolha da Rainha dos Jogos. A URJA (União Recreativa José de Alencar) teve uma participação especial para evolução e crescimento do Voleibol e do futebol de Salão realizando torneios bem movimentados e bastante disputados.

 

E aproveito o momento e oportunidade para relembrar alguns nomes de jogadores considerados craques que por muitos domingos fizeram as nossas emoções aflorarem na beira do campo torcendo pelo time da simpatia: goleiros: Miguel Badi, de pequena estatura, porém um gigante debaixo da trave; Oliveira, comerciante do Mercado de Messejana com físico esbelto de qualidade e desenvoltura defendendo sua meta, esse era tio dos craques da Seleção Brasileira de Futebol e fizeram história como jogadores por onde atuaram; Nazareno sempre defendendo o Messejana, apesar de convites para se transferir para o Salgado da Gama e o Moacir que sempre foi do Salgado da Gama também bastante seguro em suas defesas. Beques: José da Senhora tinha postura de craque e muito seguro em sua posição; Chicão, que jogava descalço sem medo de atropelar o adversário de chuteiras; Orlando, um exímio cobrador de pênaltis que só atuou pelo Messejana. No meio de campo tínhamos Zé Pequeno, Luiz Carlos, Bodinho, Everardo, Jadinha, Sergio Alencar, Dico que era ralf esquerdo e fez história jogando tanto pelo Messejana como pelo Salgado da Gama, no ataque contávamos além dos “Oriás” com Leonel Brandão, Zé da Pedra, do time Lagoa Redonda, e em especial com o jogador José Deusimar Moreira Pontes, conhecido por “Pinha”, que pela sua qualidade chegou a jogar pelo América Futebol Clube da primeira divisão e me parece que chegou a ser campeão cearense e artilheiro na temporada. Pesquisei sobre a passagem do Pinha pela primeira divisão, mas, não encontrei nenhuma referência. Posteriormente foi contratado pelo Maranhão Atlético Clube, onde ficou conhecido como o “Pelé cearense”.

                           

E você, que histórias ou lembranças têm guardadas daquela Messejana, berço da nossa criação e vivências as mais lúdicas e de significados incalculáveis?

 

Por Francisco Parente Brandão

 





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