Os esportes em Messejana e uma merecida homenagem ao jogador Pinha

Lembranças do "Campo do Salgado"

Entre as memórias da infância em Messejana, poucas são tão vivas quanto as tardes no “Campo do Salgado”. Ali, o futebol pulsava com intensidade e revelava talentos que marcaram época. Entre eles, merece destaque José Deusimar Moreira Pontes, conhecido simplesmente como Pinha (in memoriam) — um craque que brilhou em Fortaleza e em outros estados do Nordeste.

O talento do “Pinha”

Vizinho e amigo de nossa família, o Pinha era mais que um jogador: era inspiração para os jovens do bairro. Chutava com potência e precisão usando os dois pés, atraindo olhares e admiração nas peladas do campinho próximo à nossa casa.

Além disso, como morava ao lado de nossa casa, sempre que estava livre dos compromissos se juntava a nós para ajudar no treinamento de nosso pequeno time, o Treze. Ele nos orientava com paciência e fazia questão de enfatizar a importância do aquecimento antes de cada partida — algo que não era hábito entre nós, mas que aprendemos a valorizar graças a seus conselhos.

Nos finais de semana, assistir às partidas entre o Salgado da Gama e o Messejana Esporte Clube era programa obrigatório. Embora ambos os times contassem com bons atletas, Pinha se destacava. Sua trajetória ganhou projeção quando foi contratado pelo América Futebol Clube.

Um gol inesquecível!

Guardo na memória um gol inesquecível marcado por ele: durante um “Torneio Início” do Campeonato Cearense, no Estádio Presidente Vargas, Pinha acertou um chute da intermediária, à meia altura, que deixou o goleiro adversário sem reação. O lance aconteceu no lado oposto da famosa placa do Guaraná Wilson — quem viveu aquele período certamente se recorda. Mais tarde, ao defender um clube de São Luís, no Maranhão, Pinha chegou a ser chamado pela imprensa local de “Pelé do Ceará”.

O encontro com Zé da Senhora

Outro personagem marcante do Salgado da Gama foi o Zé da Senhora. Além de jogador, ele tinha talento musical. Aos 14 anos, quando decidi aprender violão, foi ele quem me ensinou a afinar o instrumento e a tocar os primeiros acordes. Sua música favorita era a Marcha dos Marinheiros. Durante semanas, bati à sua porta quase diariamente para conferir a afinação e ouvir novas canções, até que finalmente consegui reproduzir sozinho o que ele me ensinava.

Uma memória que permanece

O futebol em Messejana não foi apenas esporte: foi convivência, amizade e inspiração. Pinha e Zé da Senhora representam essa época de ouro, em que o talento se misturava à vida comunitária e deixava marcas profundas em quem teve o privilégio de assistir e participar.

 

Por João Ribeiro, para o Portal Messejana





Exibir todas as matérias.