O dia em que me tornei um
“eterno Big Brasa”

 

 

 

Eu já admirava o Conjunto Big Brasa desde as festas do Balneário Clube de Messejana, (ponto de encontro da comunidade local) até mesmo pelo contato com uma banda de pop rock, ou conjunto de iê-iê-iê, como se chamava na época, dentro de casa, na grande família que era a Messejana da década de 60. Uma vez em uma reunião noturna no patamar da Igreja Matriz de Messejana, eu cantei Yesterday e Eleonor Rigby, dos Beatles com o saudoso Carlo Magno ao violão, e ele me olhou com admiração, em um gesto que prenunciava o que estava por vir.

 

Outra vez cantei “Yesterday” em uma serenata com o Carló (como a gente carinhosamente chamava o Carlomagno) ao violão, que foi interrompida de maneira cômica pela presença de um jumento que reagiu de maneira erótica ao nosso melódico rompante de romantismo.

 

O certo é que no início de 1968, fui convidado a cantar “Penny Lane” dos Beatles em um show do Big Brasa na URJA - União Recreativa José de Alencar, um clube que ficava na pracinha da Messejana, que era sede do Messejana Esporte Clube, um time de futebol local.

 

Em uma quadra de futebol de salão com luzes amareladas, eu cantei a tal canção que era um sucesso recente do quarteto inglês, e ao terminar fui brindado com o convite entusiasmado do “Seu” Alberto Ribeiro, o nosso Mestre Alberto para participar do Big Brasa, havia empolgação, carinho e boas vindas no gesto do Mestre. Lembro também das camisas vermelhas usadas pela banda, e o gesto convidativo do Carló, ainda segurando o contrabaixo Giannini, e com o polegar pra cima: “Topa”? Era um dia de domingo à noite, com a presença significativa da comunidade messejanense. Todos os integrantes do Big Brasa acolheram o meu ingresso com visível alegria. O público presente também reagiu calorosamente à minha debutante apresentação, pontuada pela vibração de quem está começando uma marcante e importante fase de sua vida.

 

Foi uma das maiores, se não a maior alegria da minha vida. Nessa época o Big Brasa, tinha o seguinte equipamento- Uma guitarra azul Phelpa Coronado como guitarra solo para o João Ribeiro, plugada em um amplificador também Phelpa de 20 watts, um contrabaixo Giannini vermelho e branco plugado em outro amplificador Phelpa de 30 watts, para o Carló, e uma guitarra Ritmo II da Giannini, vermelha e branca, plugada em um amplificador Alex de oito watts, para o Adalberto, irmão do Carló, e uma bateria Pinguim, branca brilhante para o Severino Tavares. O Edson Girão, integrava a banda tocando uma guitarra Gianni Supersonic, vermelha e branca, mas eu não tenho uma lembrança nítida da sua presença nessa ocasião.

 

Agora pensar que se animava festas e shows com esse equipamento... Bem, eram os padrões da época e nos anos 60, a alegria de tocar e o sonho falavam bem mais alto, pois a gente sabia ser feliz e o que é mais importante - fazer feliz. Foi assim que me tornei um Eterno Big Brasa.

 

 

Luiz Antônio Alencar, “Peninha” - músico, jornalista, Eterno Big Brasa



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