Apontamentos sobre a História
de Messejana

  

 

 

Foto - Wikipedia

Os registros históricos sobre a região onde hoje é Messejana remontam o processo de ocupação do Ceará que aconteceu de forma mais incisiva a partir do início do século 17. Existia nessa região que hoje é bairro de Fortaleza, uma pequena povoação de membros da tribo Potiguara, que havia chegado ali depois de fugirem de conflitos em sua terra natal, o hoje conhecido como Estado do Rio Grande do Norte.

 

Essa aldeia, como costumeiramente é chamada, recebeu a visita de padres jesuítas, Padre Francisco Pinto e Padre Luís Figueiras, que vinham com a missão de catequizar os povos nativos, visando facilitar o estabelecimento de relações entre as culturas do homem branco e dos índios. No lugar que um dia se chamaria Messejana, os religiosos passaram pouco mais de um mês, rumando para a Serra de Buapava, hoje conhecida como Ibiapaba, onde os mesmo fundaram, em 1608, o primeiro aldeamento do Ceará, a Aldeia de São Lourenço. Nesse mesmo ano, em ataque promovido pelos membros de uma tribo Tocariju que não tinham em boa conta a relação com o homem branco, o Padre Francisco Pinto foi morto brutalmente.

 

È necessário ressaltar que o Padre Francisco Pinto, morto em Ibiapaba, era um profundo conhecedor dos costumes nativos. Esse fato fez com que ele ganhasse a admiração de muitos povos que o mesmo visitava inclusive o do povoamento Potiguara, que residia onde um dia seria fundada Messejana. Alguns pesquisadores defendem que o nome Paupina deve ser atribuído a uma homenagem que os índios do povoamento Potiguar fizeram ao Padre Pinto. Contudo, sabe-se que o termo pode ser traduzido em língua nativa como “Frade Leigo” ou “Lagoa Limpa”.

 

Após a passagem dessa comitiva e a identificação desse povoamento, a região onde de fundaria Messejana, passaria a entrar nos registros da Coroa Portuguesa que controla o território do Brasil na época. No dia 18 de março de 1663, foi atribuído o titulo de Aldeia de São Sebastião da Paupina ao povoamento Potiguar que ficava onde hoje é Messejana. A partir de então, tentou-se instalar formas de administração que envolvesse a cooperação entre povos nativos e homem branco.

 

Já no final do século 17 e início do século 18, ocorrem mudanças na administração colonial com isso padres jesuítas são destituídos do seu poder de atuar no Brasil. Com isso, outras formas de organização e controle social foram planejadas e executadas, estipulando que Vilas precisariam ser criadas para estabelecer regras nos povoamentos existentes nas províncias. No caso do Ceará, nos povoamentos de índios que passaram a ser reconhecidos como Aldeias, a partir da metade do século 17, foram constituídas Vilas, algo como se fosse uma pequena cidade. Com isso, onde se localizava a Aldeia de São Sebastião da Paupina, foi fundada a Vila Nova Real de Messejana da América em 1º de janeiro de 1760, pelo Desembargador-Ouvidor Geral Bernardo Coelho da Gama Casco, fazendo com 2010 seja o ano em que se deve celebrar os 250 anos de fundação de Messejana.

 

Apenas a partir da data mencionada acima, segundo alguns pesquisadores, surge à expressão Messejana na colônia. O nome Messejana também é alvo de polêmica já que o escritor José de Alencar, filho da terra, afirma que a mesma é de origem indígena e que quer dizer “Lagoa ao abandono”. Contudo, sabe-se que Messejana, a palavra, tem origem árabe e já existia em Portugal nomeando dois lugarejos por lá. Estudos de língua dizem que a expressão árabe que forma Messejana quer dizer “Lugar de Encastelar-se”.

 

Em 1833 aconteceu uma tentativa de extinção da Vila, mas a mesma foi revogada. Contudo, em 1839 a sua autonomia foi destituída e Messejana passou a fazer parte do território de Fortaleza. Através da história e por diversos motivos, paulatinamente, o espaço territorial de Messejana foi sendo diminuído. Um dos exemplos marcantes dessa recorrência diz respeito à formação do atual município de Pacatuba que foi formatada a partir de terras que pertenceram a Messejana.

 

Apenas em 1878, com reinauguração em 1881, retomou a condição de Vila. Acredita-se que esse restabelecimento fez parte de práticas do governo sediado em Fortaleza de combater a chegada de retirantes da grande seca de 1877-79 a capital cearense. Nesse novo período de autonomia Messejana ganhou seu Mercado e o Cemitério, além da Casa de Câmara e Cadeira, construção que hoje não mais existe.

 

Em 1921, Messejana perde em definitivo sua condição autônoma por não possuir numero constitucional de habitantes, ou seja, eram necessárias 10.000 pessoas para justificar a existência de uma Vila/municipalidade enquanto Messejana possuía 9.111. A partir de então, até meados da década de 1930, existindo apenas como um território anexado a Fortaleza, Messejana passa a condição de distrito da Capital, tendo sido administrado através do tempo por órgãos como a Sub-prefeitura de Messejana e a Administração regional de Messejana, a última, extinta em 1996.

 

Em 1997 instaura-se em Fortaleza uma nova organização administrativa baseada na divisão do território em bairros, sendo formatado o bairro de Messejana. É preciso salientar que o Distrito de Messejana não deixa de existir na compreensão organizacional do Governo do Estado.

 

Portanto, existe, regulamentado a partir de 1º de janeiro de 1997, o bairro de Messejana, limitado ao norte pelo bairro Parque Iracema, ao sul pelos bairros Paupina e Ancuri, ao Leste pelos bairros Curió e Guajeru e ao Oeste pelo bairro Barroso. No caso do Distrito, segundo dados do IPECE, órgão do Governo do Estado, o mesmo tem a data de fundação de Messejana, ou seja, 1º de janeiro de 1760, e dentro do mesmo encontramos a maioria dos bairros da SER VI, excetuando-se Parque Dois Irmãos, Passaré, Castelão, Mata Galinha, Alto da Balança e Aerolândia e acrescentando-se os bairros Cocó e Eng. Luciano Cavalcante, sempre lembrando que as duas definições são vigentes. No bairro de Messejana residem aproximadamente 45.000 pessoas, enquanto que no distrito vivem, em números não exatos, 600.000 habitantes.

 

A principal atividade econômica da região que abrange todo o distrito, bem como apenas o bairro, é a de comercio e serviços. Dentro dos limites do distrito existem importantes empreendimentos como Shopping Center Iguatemi e Via Sul, a Universidade de Fortaleza, entre outros. Órgãos importantes da esfera pública também estão sediados no Distrito de Messejana como o Fórum Clovis Bevilaqua, a Câmara Municipal de Fortaleza e o Centro Administrativo do Estado. No bairro de Messejana, encontra-se instalada a sede da Secretaria Executiva Regional VI, órgão da administração municipal da capital.

 

Como opções de lazer possui alguns pontos de interesse como o Centro das Tapioqueiras, a Lagoa de Messejana, a Casa onde nascei José de Alencar, as reservas ecológicas do Curió e do Cocó, além das tradicionais festas realizadas por entidades religiosas como a celebração do dia da Imaculada Conceição em Messejana, no mês de dezembro e do tradicional Festival de Quadrilhas de Messejana.

 

Para esclarecimentos, em Fortaleza existem 05 Distritos: Messejana, Parangaba, Mondubim, Centro e Antonio Bezerra que podem ser subdivididos em 118 bairros.

  

Poeta Edmar Freitas

 

Pesquisador e autor do Livro Messejana, um lugar sobre a história de Messejana, além de organizar ações que celebram os 250 anos de fundação de Messejana em 2010 e criador e organizador do Festival de Quadrilhas de Messejana.

 

Disponível em www.edmarfreitas.com

 

  

Visite o Portal Messejana nas redes sociais:

 

 

 



Exibir todas as matérias de Messejana