Não é bem isso… O ruído como aliado da inovação e do aprendizado

 

 

 

A crença de que o ruído é um problema faz parte da história das organizações. Hoje sabemos que nem sempre é o caso

 

No princípio era o verbo. Nesse modelo, ordens completamente compreendidas e fielmente cumpridas eram tidas como a garantia da fiel realização da perfeita criação.

 

Mas será que existe a total compreensão? O que chamamos de ruído ou erro são aspectos inerentes da mente humana ou, conforme prega a sabedoria popular “quem conta um conto aumenta um ponto”?

 

Segundo Edgar Morin, filósofo e educador francês, “não poderemos escapar jamais da incerteza e o maior erro seria subestimar o problema do erro; a maior ilusão seria subestimar o problema da ilusão”.

 

De fato, não adianta fingir que as interpretações não existem, que nossas mensagens podem ser absorvidas na íntegra.

 

No antigo paradigma de comunicação o ruído era encarado como um empecilho para que a mensagem fosse totalmente absorvida pelo receptor.

 

O papel do emissor era tornar a mensagem clara o suficiente para que o receptor a entendesse e, assim a comunicação pudesse ser efetiva. Por outro lado, o papel do receptor era estar atento para absorver a mensagem com fidelidade.

 

Quanto autoritarismo está embutido nessa concepção! É possível aceitar que, nos dias de hoje, uma única pessoa consegue ser detentora de todos os dados necessários para uma decisão?

 

 

 

E no caso das ideias, a maioria não é oriunda de um pensamento coletivo e colaborativo?

 

Não seria mais adequado nessas ocasiões passarmos a considerar o que chamamos de ruído, erro ou mal entendido como uma contribuição, uma forma de enriquecer a proposta inicial, uma oportunidade de aprendizado ou uma contribuição criativa? Não estaria aí o âmago do que chamamos de colaboração?

 

O ruído é uma oportunidade de aprendizado porque beneficia a inteligência coletiva, provoca reflexões inéditas, questiona crenças e certezas.

 

É também uma oportunidade para as organizações. Aprender aceitando a ambiguidade, enriquecer por meio das diferenças culturais e conflitos é uma maneira de enriquecer todas as equipes.

 

E principalmente uma forma de atingirmos soluções inéditas, fundamental para a inovação nas empresas.

 

Como as empresas aprimoram seus resultados incorporando os paradigmas da colaboração?

 

Comecemos pelo lançamento de produtos e serviços em beta, como dizem os profissionais de informação, ou o soft opening como fazem os profissionais de hotéis, restaurantes e algumas formas de entretenimento.

 

Ao apresentar a seus públicos produtos ou serviços semi-prontos, assumidamente sujeitos a opiniões e lapidações estão contando com a colaboração dos usuários, que se sentem gratificados em contribuir.

 

No que tange o aprendizado e a comunicação, o Storytelling, tão em voga, usa justamente passar uma mensagem de forma aberta, com espaço para interpretações e contribuições.

 

O mesmo se pode dizer das metodologias participativas que não param de surgir, como Open Spaces e o World Café.

 

Quando se fala em incremento da criatividade, há de se reconhecer que o velho e consagrado brainstorming, sempre foi participativo. Entretanto, metodologias como o Design Thinking e ou propostas como a co-criação vão além, pois propiciam a colaboração de clientes, fornecedores e usuários.

 

É fascinante perceber como as empresas e a própria sociedade tomam rumos colaborativos, abertos e genuinamente coletivos. Mais ainda, é fascinante perceber como a colaboração enriquece os resultados.

 

 

Fonte – Gisela Kassoy

 

 



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