Messejana completa 260 anos dia 1º de janeiro de 2020

 

 

 

 

Sobre o aniversário de Messejana

 

O historiador Felipe Neto traça os percursos que justificam a data, outrora alvo de contradições. A Praça da Matriz é um dos principais pontos do distrito, que tem ainda uma das mais belas lagoas de Fortaleza. (Foto - Instituto Portal Messejana)

 

 

 

 

Messejana completa, no dia 1º de janeiro de 2020, 260 anos de existência. A data, conforme o historiador Felipe Neto – morador e estudioso da localidade, graduado pela Universidade Estadual do Ceará (Uece) – remete à época em que Portugal precisava ampliar a presença administrativa no Ceará e adotou a medida de fundar vilas onde existiam aldeamentos de índios. Messejana foi uma delas, juntamente a outras, como Parangaba e Caucaia.

 

Existe uma lei em Fortaleza (nº 10.440, em vigor desde 2016) que oficializa a efeméride, embora o processo no qual ela ocorreu tenha enfrentado algumas questões importantes. A principal delas esteve relacionada à própria data de fundação do lugar.

 

“Algumas pessoas defendiam o dia 18 de março de 1663 como o possível momento da formação do bairro, mas é uma construção infundada. Há um vasto material de pesquisa histórica, especialmente no Instituto Histórico, Geográfico e Antropológico do Ceará, em que consta o dia 1º de janeiro de 1760 como a data correta”, explica Felipe.

 

De acordo com o estudioso, é possível também encontrar no Instituto a ata de fundação do bairro, indicando a data e o modo como tudo aconteceu – incluindo realização de cerimônia e eleição de representantes. “A formação da aldeia que hoje conhecemos como aldeia de Paupina, e que deu vazão ao povoamento que depois formaria Messejana, só aconteceu nos idos de 1690. A fundação da vila, dando forma, administração e formalidade ao lugar, se deu apenas em 1º de janeiro de 1760. É a partir daí que nossa região é reconhecida como Messejana, um centro organizado e populacional”.

 

 “Messejana foi um município independente de Fortaleza até 1921. Éramos uma cidade. Fomos grandes produtores de cana de açúcar. Os sítios daqui também foram os primeiros a libertar os escravos. Recebemos, em 1824, uma seção da Confederação do Equador nas posses da família do escritor José de Alencar. Falando nele, tem também a figura do romance ‘Iracema’. Ou seja, o bairro tem todas essas especialidades e as pessoas precisam saber que há um marco que determina isso e que ele é importante. É necessário respeitar nossa própria cultura.

 

Relevo

 

Há quase 40 anos morador do lugar, o historiador ainda reflete sobre a atual situação do espaço que reside. Na visão dele, ainda se enfrentam grandes entraves, como falta de saneamento básico e questões relativas ao centro de Messejana, que precisa ser repensado.

 

“Lá, existe um grande grupo de trabalhadores que atuam nas praças e não têm nenhuma segurança. Além disso, ainda não há uma creche pública infantil, e existe também o problema crônico da lagoa. Desde 2004, com a inauguração da urbanização, não houve nenhuma intervenção séria no local. Vamos, assim, lutando e dizendo às administrações que essas intervenções precisam ser feitas”.

 

Por outro lado, reconhece a importância da reforma no terminal de ônibus e da construção de mais escolas da rede pública de ensino. Mas ainda é pouco para um local tão singular. “A Messejana precisa ser vista com carinho e é por isso que, nós, no nosso campo, defendemos a questão cultural e social, para que ações sejam realizadas em conformidade com a importância do bairro para a história de Fortaleza e do Ceará”, conclui.

 

Ainda sobre Messejana: em 2014, escrito pelo vereador Edmar Freitas, foi publicado o livro “Messejana”, saído pela Coleção Pajeú, coordenada pelo poeta Gylmar Chaves. A obra conta toda a história do bairro, descortinando interessantes narrativas acerca do lugar e refletindo sobre as fronteiras entre os tempos antigos e a modernidade.

 

Matéria publicada no Jornal Diário do Nordeste

 

 



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