Origem e história do Rock`N Roll

 

 

 

É difícil determinar quando o termo rock and roll surgiu. Mas tanto "rock" quanto "roll", na gíria dos negros americanos, tem conotação sexual . Rock & Roll, vertido para o português, numa expressão livre, daria então "deite & role". A segunda explicação, que completa a primeira, vem de um provérbio inglês que dizia "pedra (rock) que rola não cria musgo". Isso foi retomado na década de 50 numa letra de música de outro blueseiro, Muddy Waters, para culminar na música, de Bob Dylan, no próprio nome do grupo Rolling Stones e na revista de rock americana de mesmo nome.

 

Em 1948, Roy Brown gravou Good Rockin' Tonight (mais tarde regravada por Elvis Presley) e, apesar de manter o compasso do blues, alterou o estilo triste para um acompanhamento mais acelerado e frenético, com um toque dos cantos religiosos negros, mais gritados que sussurrados. Essa versão rápida de blues deu lugar ao que se chamou de rhythm and blues (r & b) e que mais tarde seria interpretado por cantores brancos e fundido com o rock and roll. Em 1952, Alan Freed batizou seu programa de Moondgo's Rock'n'Roll Party, o que acabou definindo a expressão como designativa de um tipo específico de música. Foi o próprio Freed que organizou o primeiro concerto de rock and roll (1953), e acabou se transformando num grande sucesso, com participação de Big Joe Turner, Fats Domino, The Moonglows e The Drifters, Na platéria, mais de dois terços da audiência era composta por jovens brancos, o que provava a atração do público branco pela música negra.

 

No fim de 1953, quando o mercado negro representava menos de 6% das vendas totais de discos nos Estados Unidos, os brancos começaram a farejar o potencial da música negra no mercado branco e os distribuidores de juke-box se apressaram em colocar discos rock and roll nas máquinas, para compensar a ausência nas rádios em geral.

 

Quando Alan Freed usou a expressão rock and roll pela primeira vez, estava se referindo à uma musica (blues) de 1922, que dizia "my baby rocks me with a steady roll" Porém o rhythm'n'blues significava música negra feita por negros para os negros e rock and roll já designava uma música aceita por todos e acessível a todos.

 

Os estilos do rock and roll

 

Os anos de 1953 e 1956 foram decisivos para o rock and roll, por que nessa época ele começou a ser aceito como um fato na cultura americano e, a partir daí, evoluiu e desenvolveu-se em diferentes aspectos e estilos, variando conforme as regiões em que era tocado.

 

Charlie Gillet, autor do livro Sounds of The City, um dos mais importantes pesquisadores do assunto, separou e caracterizou cinco estilos. Apesar de algumas pessoas afirmarem haver outras variações, além dessas, basicamente foi através delas que o rock evoluiu. E todas elas evoluiram das danças negras contemporâneas, a exemplo do jitterburb.

 

Anos 50, os primeiros passos do Rock Nacional

 

Recém nascido nos EUA, o rock and roll pegou a juventude brasileira, como a do resto do mundo, de surpresa, pois até então os jovens não tinham um ritmo musical próprio e nem acesso às salas-santuários, onde mamães e papais ouviam boleros, samba-canção, tangos e, os mais radicais, big bands, Frank Sinatra e Doris Day. Assim, quando o rock aportou no território nacional, por volta de 1955, incendiando as festinhas e os cinemas, e pressionando as gravadoras por lançamentos, quem primeiro tocou e cantou o novo ritmo foram as orquestras de jazz e os cantores tradicionais.

 

Intérprete de sambas-canções, a cantora Nora Ney cantou o primeiro rock (em inglês) - Ronda das Horas/Rock Around the Clock, lançado em novembro de 1955, pelo selo Continental, que imediatamente passa a ocupar o primeiro lugar da parada da Revista do Rádio, de Janete Adib. No início de 1957, o filho do violonista Josué de Barros - descobridor e acompanhante de Carmem Miranda -, Betinho (& Seu Conjunto) grava o primeiro rock com guitarra elétrica - Enrolando o Rock, trilha sonora do filme Absolutamente Certo. E, na mesma época, Miguel Gustavo (o mesmo de Pra Frente Brasil - hino da Copa do Mundo de 1970) compôs o primeiro rock com letra em português - Rock and Roll em Copacabana, interpretado por Cauby Peixoto, então o cantor mais popular do país.

 

O filme Ao Balanço das Horas, por sua vez, que entrou em cartaz no final de 1956 nos principais cinemas do país, encarregou-se de espalhar o novo gênero musical, provocando tamanha confusão, que levou diversas autoridades a pedir a sua proibição. O prefeito de São Paulo, Jânio Quadros, por meio de seus famosos bilhetinhos, ordenou ao seu Secretário de Segurança que "determinasse à polícia deter, sumariamente, colocando em carro de preso, os que promoverem cenas semelhantes; e, se forem menores, entregá-los ao honrado juiz". Completando o quadro tragicômico, o Juiz de Menores de São Paulo baixou uma portaria proibindo o filme para menores de 18 anos, argumentando (com irônica precisão) que "o novo ritmo divulgado pelo americano Elvis Presley é excitante, frenético, alucinante e mesmo provocante, de estranha sensação e de trejeitos exageradamente imorais".

 

No entanto, à revelia da reação hipócrita, e do ano de 1957 praticamente sem lançamentos do gênero, o movimento ganhou corpo com a chegada às lojas, em junho de 1958, do histórico 78rpm - Forgive Me/Handsome Boy (de autoria do maestro Mário Gennari Filho e letra de Celeste Novaes), dos irmãos Tony Campello e Celly Campello, vindos do interior de São Paulo. A partir da entrada dos irmãos Campello em cena, a história do rock brasileiro passa a ganhar identidade, abrindo espaço para o surgimento de programas de rádio e televisão - com Crush em Hi-Fi, apresentado pelos dois - novos ídolos, especialmente Sérgio Murilo, e hits sensacionais, como Banho de Lua, Estúpido Cúpido e Marcianita, entre dezenas de outros. Além dos grandes centros, no Rio Grande do Sul, por exemplo, a ausência de intérprétes juvenis locais também é suprida pelas orquestras de baile, no casos os conjuntos melódicos, como Poposky & Seus Melódicos, que reproduzia o visual e o repertório de Bill Halley & His Comets, e tinha entre seus membros o guitarrista Olmir "Alemão" Stocker.

 

Até o final da década, surgem novos intérprétes como Demétrius, Sonia Delfino, Baby Santiago ("o nosso Chuck Berry", segundo professor Teothônio Pavão, pai de Meire e Albert), Wilson Miranda e Ronnie Cord, entre outros, que dividem o panteão de heróis da primeira fase do rock brasileiro. Adentrando os anos sessenta, e misturando-se com o rock instrumental e a surf music, o rock de três acordes ainda contou com a incursão de artistas multimídias como Jô Soares, que gravou o compacto Vampiro/Volks do Ronaldo (1963) e Moacir Franco, que gravava sob o codinome de Billy Fontana, acompanhado de Betinho e Seu Conjunto. Ainda nesse período, também dão os primeiros passos os grandes ídolos da década seguinte, especialmente Erasmo Carlos com seu The Snakes, Eduardo Araújo, que grava a sensacional Prima Daisy, e Renato e Seus Blue Caps, que faz sua primeira gravação acompanhando o grupo vocal Os Adolescentes.



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