Uma distorção feita

em Messejana

 

 

 

O Conjunto Musical Big Brasa fez sucesso nos Anos 60/70 em Messejana, Fortaleza e em todo o Ceará, com participações em outros estados também. Seu guitarrista-solo, João Ribeiro, conhecido como “Beiró” no meio musical, sempre gostou de eletrônica, montagem de “kits” de alarmes sonoros, sirenes para discoteca, compressores de áudio e outros circuitos eletrônicos. Com catorze anos tinha alguma experiência em eletrônica, fez um curso de rádio e televisão e conseguiu desenvolver vários projetos. Essa relativa habilidade para eletrônica o ajudou certamente durante a existência do Conjunto Big Brasa.

 

A inovação, criatividade e iniciativa pioneira foram a marca do Conjunto Big Brasa. Para que os mais novos tomem conhecimento, ocorreu uma verdadeira pesquisa para descobrir como era produzido o som distorcido das guitarras. Hoje em dia a facilidade é enorme, com tais aparelhos (pedais) vendidos nas lojas do ramo.

 

Como ocorreu a criação da primeira distorção do Big Brasa e de Fortaleza

 

Ao ouvir umas gravações, a fim de escolher músicas para o repertório do “Big Brasa”, o guitarrista notava alguns sons de guitarras super pesados, mas não sabia como é que os caras conseguiam aquilo. Vendo um filme musical e lendo um pouco sobre conjuntos, soube que existia um “aparelho”, que conectado à guitarra, produzia aquele som rachado e distorcido. Esse tal aparelho era a distorção. Com vontade de conseguir um som daquele tipo começou a pesquisar sobre o assunto, falar com todo mundo que pudesse ter uma idéia. Assim, continuou procurando o tal aparelhinho - e sem nada conseguir.

 

Um dia disse para um técnico amigo que estava “querendo uma distorção”, falando sobre o som distorcido das guitarras. O técnico, chamado Júlio Matos (Julinho), falou que tinha uma revista de eletrônica com um “esquema”, ou seja, o diagrama de montagem de uma distorção. Foi demais! O bom é que ele gostava do assunto e sempre foi um técnico muito competente e pesquisador. Além disso, ficou interessadíssimo e disse que poderia tentar montar a tal “distorção”.

 

Os dois então compraram todos os componentes necessários para a montagem e depois de poucos dias estava ele, o Julinho, chegando à sede do Big Brasa com uma caixinha de metal, tirada de alguma sucata, que deveria ter sido de alguma outra montagem ou experiência anterior. Com muito cuidado, localizaram quais os locais de entrada e de saída de som, para que a guitarra fosse conectada ao aparelho, e este ao amplificador.

 

Fizeram as conexões necessárias, todas as devidas soldas, “plugs” e pronto. E o resultado: na expectativa, após ligarem tudo, o “Beiró” pegou a guitarra e tocou algumas notas. De início, nenhuma alteração e os dois ficaram apreensivos. Continuou tocando mais um pouco e mexendo nos dois potenciômetros (botões de regulagem e outras funções) que o aparelhinho possuía. De repente, o som ficou mais forte e pesado, começando a distorcer. Nessa hora, o guitarrista começou a sorrir muito e a dizer:

 

- É isso aí, olha cara, esse é o som que estava querendo, deu certo!

 

O Julinho estava incrédulo, visto que ele próprio não sabia que som ou efeito sua montagem seria capaz de produzir. E assim o “Big Brasa” pode apresentar sua distorção caseira com pioneirismo em Fortaleza, para admiração de muitos e estranheza de alguns, que achavam que o som produzido pelo aparelho “estava defeituoso”... 



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