Ah! Quantas saudades de minha
infância querida!

  

 

Absorto em meus vagos pensamentos acabei sucumbindo ao meu estado d'alma nostálgico, por me ir de encontro com minhas raríssimas lembranças das Festas dos Natais e dos Anos Novos, de outrora; nos bons tempos de minha infância querida e, quase muito, esquecida.

 

Naquelas épocas, tão logo se iniciavam os meses de novembro, a cada ano, as principais praças do Centro de Fortaleza - notadamente, a Praça do Ferreira e a Praça José de Alencar; já se encontravam plenamente embelezadas com os mais variados atavios, anunciando a chegada das Festas Natalinas.

 

Também, as ruas centrais da cidade tornavam-se grandes atrações para todos os transeuntes, quer adultos, jovens ou crianças; porquanto as vitrines das lojas comerciais, em sua grande maioria, ornavam-se de luzes e brinquedos infantis, sempre em conjunto com as imagens do Papai Noel - o Bom Velhinho!

 

Naqueles tempos, as Associações e Clubes de Diretores Lojistas de Fortaleza promoviam concursos, para as melhores ornamentações natalinas, anualmente; e, como justo incentivo, premiavam aos vencedores. Assim, então, as ruas centrais de nossa cidade eram maravilhosas e repletas de luzes - às noites, as Lojas reluziam de sobejo!

 

Todos os anos, nos meses de novembro, meu pai e minha mãe nos levavam a um passeio noturno, pelos logradouros daquele centro comercial, para que escolhêssemos, de antemão, os presentes que pediríamos ao Papai Noel. E, logo ao chegar em casa, nos apressávamos em fazer os rabiscos de nossas cartinhas ao Bom Velhinho.

 

Éramos seis! Eu, mais novo que as três mocinhas, adolescentes; e, mais velho, entre os garotos. Posso supor que elas, as três meninas, já sabiam da inexistência de Papai Noel; enquanto nós, os três moleques, ainda tínhamos o direito de sonhar com a chegada daquele Velhinho Barbudo, em nossa casa, pela chaminé ou pelas vidraçarias das janelas.

 

Às vésperas de Natais, fazíamos a ceia, mesmo em casa, antes da hora da Missa do Galo, celebrada à meia-noite, na Igreja do Pequeno Grande (Praça da Escola Normal) ou na Igreja do Cristo Rei (Praça da Escola de Cadetes). Vezes outras, ceiávamos em casas de parentes mais íntimos. E, do amanhecer de cada dia vinte e cinco de dezembro, chego a lembrar-me da alegria de toda a garotada da minha rua, feliz da vida, a mostrar, uns aos outros, os presentes ganhos de Papai Noel.

 

Quase sempre, nos finais dos anos, antes da meia-noite, acontecia o Bingo de Família, na residência de uma das irmãs de minha mãe, que morava na Praça da Escola Normal; após o que nos dirigíamos, todos, à Praça do Ferreira, para que nos confraternizássemos na Passagem do Ano; depois de escutada a derradeira badalada (das vinte e quatro) do relógio, alí, existente. E, entre abraços e beijos, todos gritávamos: - "Feliz Ano Novo... Feliz Ano Novo"!

 

Os tempos mudaram! A cada ano vivido, os costumes e todas as maravilhas das Festas de Natal e Ano Novo se foram esvaindo, pouco a pouco. A família brasileira, esfacelada! Os pais, demais omissos! Os jovens, tão independentes! E as crianças...

 

Ah! E as crianças? Sem mais o direito de viver os lindos sonhos do natal do Menino Jesus!... Pobre delas! 

 

                                                                                                    Pedro Mallmann Filho

 



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